O fechamento de shopping após as determinações de isolamento social, tem dado sinais de que será necessário adequar o perfil do superintendente. E isso vem ganhando mais evidências de como deverá ser o perfil do novo executivo de shopping.
Para entender essa mudança de perfil do executivo de shopping é preciso voltar um pouco no tempo. Não é a primeira vez que essas características são ajustadas para atender às demandas do mercado.
É claro que não tenho bola de cristal e nem consigo prever se realmente essa projeção vai se realizar, mas escrevo com base nas percepções vividas ao longo de mais de 20 anos próximo ao ambiente de shopping, nas expectativas geradas pelos lojistas e pelos sinais econômicos que geram incertezas nos varejistas.
Uma coisa é certa: esse novo profissional de shopping center terá desafios importantes de gestão.
Você sabe como chama esse executivo?
A pessoa responsável pela gestão dos shopping centers é o Superintendente. Tecnicamente ele deve ter conhecimento administrativo, recursos humanos, financeiros, operacionais, marketing e habilidade comercial, afinal de contas é ele quem apresenta números e dados para lojistas e para os empreendedores.
Resumindo esse nome bonito, e pomposo, o superintendente é o Síndico do Shopping. Não fique bravo comigo, mas é essa a verdade. Ele tem o papel de zelar pelo time que vai cuidar do imóvel e prestar contas das despesas de condomínio bem como o recebimento de alugueis que vão remunerar os donos do empreendimento.
Na hierarquia do modelo de shopping center ele ocupa o cargo mais alto e de maior responsabilidade.
Como era o perfil no passado
O Shopping ganhou grande evidência na década de 1950 e chegou ao Brasil na década de 1960 com a implantação da primeira unidade. O Shopping Iguatemi em São Paulo foi o primeiro empreendimento comercial desse formato construído no Brasil. Ele foi inaugurado em novembro de 1966 no terreno de uma chácara da família Matarazzo.
O superintendente passou a ser muito valorizado. Ele andava de terno e gravata, era um ser intocável e inacessível tanto a lojistas quanto para os interessados em implantar negócios dentro do empreendimento.
Chegar ao superintendente era preciso paciência e muita conversa. Engraçado dizer, mas essa característica pode ser observada ainda hoje em alguns empreendimentos.
E isso mudou?
Entre 2005 e 2014 o perfil foi desse profissional foi modificado. Buscavam pessoas que tinham a característica de aproximação, que colocavam a mão na massa. Não cabia mais nesse tempo, a representação do superintendente que andava todos os dias de terno e gravata. Ele tinha que ser visto nos corredores e ser mais acessível aos lojistas.
Entretanto, o interesse de bancos e investidores financeiros pelos empreendimentos de Shopping alterou mais uma vez o perfil desse executivo. A crise vivida a partir de 2014 demonstrou que seria necessário ter um profissional com um perfil técnico financeiro.
Nessa época muitos gerentes financeiros se tornaram superintendentes. Era preciso manter os números prometidos aos investidores, e por causa disso essa habilidade cartesiana era mais importante do que outras.
O perfil do novo executivo de Shopping
O sinal dos novos tempos demonstra que o novo executivo de shopping center terá que ser transformado e alterado mais uma vez. O perfil financeiro continua sendo importante, mas será imprescindível que outras características sejam mais evidenciadas para o futuro dos shoppings centers. O novo Superintendente terá uma função mais evidente de ser um FACILITADOR.
Como facilitador será responsável por desempenhar funções de orientação, gestão e instrução para auxiliar e assessorar de forma correta o desempenho das atividades desenvolvidas pelos lojistas.
Se você atua no setor, provavelmente vai dizer algo assim “Ah! mas hoje eu já faço isso”, e vou afirmar que acredito que realmente faça. O que muda agora é o perfil primário.
Esse perfil primário deverá ser focado em habilidades como negociar, conversar e encantar e por isso devem ficar a frente das habilidades cartesianas com números e dados. Esse novo profissional deverá ser leve, extrovertido, enérgico, resolutivo e ter capacidade de correr riscos.
O novo executivo deve ser generalista
O perfil do novo executivo de shopping será preciso ser generalista tanto no sentido de conhecer várias áreas das empresas e dos mercados, como no sentido do auto-desenvolvimento.
Provavelmente por isso, pode ser que esse novo executivo venha de outros segmentos, que tenham tido experiências na gestão de próprio negócio ou até mesmo que já tenham passado pelo segmento em outras épocas.
Uma coisa é certa, esse novo executivo deverá estar alinhado com as demandas do mercado e não mais apenas com as intenções do negócio. Não haverá espaços para o cada um faz o seu, o novo modelo será desenhado a 4 mãos no formato vamos fazer juntos.
Esse novo perfil de executivo que provavelmente está sendo construído durante esse período desafiador que estamos vivendo, demonstra que deverá ter capacidades que vão além do ambiente de gestão. Será preciso saber fazer contato visual, saber ouvir, e muitas vezes impor-se num debate com um tom de voz adequado.
O mais importante é saber que
Em algum momento, esse executivo terá que se opor a decisão financeiras e tenha que defender operadores que tenham sinergia com o Tenant Mix, potencial de recuperação e afinidades com o empreendimento.
Para isso é importante que ele esteja envolvido no dia a dia da operação. Deverá conhecer o perfil e as características de cada um de seus lojistas, sejam eles franqueados ou não, para identificar aqueles que ainda estão a frente da operação e conhecer bem aqueles que abandonaram o barco e com isso possa minimizar os impactos na sua gestão.
========================================================
Acompanhe a Negócio e Franquia pelas Redes Sociais. Siga a gente no Instagram, no Linkedin, no Facebook e se inscreva no nosso canal do Youtube. Você pode também ouvir os PodCasts na Rádio Super FM de Belo Horizonte.