A maior feira de franquias do Brasil começa nesta semana. São milhares de pessoas passando pelos corredores, dezenas de marcas prometendo faturamento alto, retorno rápido e suporte completo. É bonito de ver — mas perigoso de acreditar. Antes de entrar, aprenda a sair franquia não é milagreira. Se você está planejando visitar a feira com a ideia de sair de lá com um contrato assinado, pare. Leia esse texto antes. Você pode estar prestes a tomar a decisão mais cara da sua vida.
Porque, diferente do que muitos vendedores vão te dizer com sorriso no rosto e folhetos coloridos na mão, franquia não é investimento. É um negócio. E, como todo negócio, pode dar certo, ou não.
A entrada é empolgante, mas e a saída?
Vamos direto ao ponto: ninguém entra em uma franquia pensando em sair. Só que, estatisticamente, muitas franquias fecham ou trocam de dono nos primeiros três anos. O motivo? Não foi bem o que prometeram. O suporte falhou. A operação era mais complexa. O ponto não rendeu. O franqueado cansou. O franqueador desapareceu.
Quando isso acontece, o que resta? Um contrato de cinco anos, multas pesadas, estoque encalhado, dívidas e, se der sorte, a esperança de conseguir repassar a unidade para outra pessoa.
Mas aqui vai a verdade que ninguém na feira vai te contar: repasse é um alívio, mas não é solução mágica. Quase nunca cobre o que você investiu. Franquia, ao contrário de imóvel ou ação, não tem liquidez garantida. E não há garantia de que alguém vai querer comprar o seu ponto, principalmente se você estiver vendendo porque deu errado.
Franquia não é plano de aposentadoria. É responsabilidade.
Saiba que tipo de perguntas deve fazer aos vendedores quando estiver na feira. Nos últimos tempos, tenho repetido isso como mantra: antes de pensar no plano de negócios, pense no plano de saída. Descubra os pontos importantes:
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Se der errado, o que acontece?
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Qual a multa de rescisão?
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A franqueadora cobra royalties mesmo com a operação paralisada?
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Você consegue fazer repasse livremente ou precisa de autorização?
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Vai precisar manter o CNPJ ativo?
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E os funcionários, contratos, estoque?
A maioria dos franqueados só vai descobrir isso quando o prejuízo já tiver batido à porta. É por isso que insistimos: não assine contrato na feira. Não mesmo. É preciso ler e seguir o que a legislação determina sobre a tomada de decisão para aquisição de uma franquia.
Feira é para conhecer. Não para fechar.
A feira de franquias é uma oportunidade incrível — mas para observar, comparar, anotar, conversar, tirar dúvidas, entender modelos. Fechar contrato em feira é como casar no primeiro encontro.
Mesmo que a proposta pareça irrecusável, mesmo que haja “desconto só até hoje”, mesmo que o franqueador te diga que há fila de interessados na sua cidade — você precisa respirar, ir para casa e estudar. Faça o dever de casa. Converse com outros franqueados. Visite uma unidade real. Simule o cenário negativo. Só aí, talvez, você esteja pronto para tomar uma decisão consciente.
O que você precisa perguntar na feira:
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Quantas unidades foram fechadas nos últimos 12 meses?
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Qual é o faturamento médio real (não o “potencial”)?
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Existe contrato mínimo de permanência?
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Como funciona o processo de repasse? Existe um plano de repasse para ajudar o franqueado?
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Qual é o suporte real entregue — e com que frequência?
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Qual o custo mensal total (royalties + taxa de marketing + obrigações invisíveis)?
Se a resposta for vaga, floreada ou evasiva, desconfie. Franquia séria responde com dados. E com transparência.
Estamos de olho. E prontos para ajudar.
A equipe da Negócio e Franquia estará na feira todos os dias. Nossos jornalistas, especialistas e analistas vão circular pelos corredores, conversar com marcas, investigar as novidades e — principalmente — ajudar você a não cair em armadilhas.
Tem dúvidas sobre uma marca? Está inseguro com uma proposta? Quer entender os riscos de uma franquia antes de dar o próximo passo? Fale com a gente durante a feira. Estamos ali não para te desanimar, mas para garantir que sua decisão seja consciente, técnica e responsável. Chame no direct do Instagram que nosso time vai ajudá-lo.
Vamos publicar boletins diários, matérias especiais e análises de tendências direto do evento. Porque o nosso compromisso é com o pequeno e médio empreendedor. Com quem põe o dinheiro suado em jogo para tentar empreender — e merece respeito, e não manipulação.
A verdade que liberta (e protege seu bolso)
É fácil vender a ideia de que franquia é o caminho mais seguro para empreender. Que o risco é menor. Que o suporte é completo. Mas a realidade, você já sabe: é negócio. E como todo negócio, exige estudo, preparo, pé no chão e, acima de tudo, um plano de saída.
Não caia no conto da franquia perfeita. Ela não existe. Existe trabalho, dedicação, disciplina — e, às vezes, dor de cabeça.
E se tudo der errado, que ao menos você tenha assinado um contrato que te permita sair sem afundar ainda mais. Porque perder o capital é duro. Mas perder o sono, a saúde e a esperança é pior.
Boa feira. Com lucidez.
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