O rombo da Americanas “abaixou a maré e está mostrando quem está nadando pelado”. Com essa analogia, o sócio da 3A Investimentos e CFP ® ️ (Certified Financial Planner), Samuel Sampaio Chagas, definiu os impactos da situação na economia brasileira e brincou com o holofote que a crise colocou sob o mercado de crédito.
E muitos devem estar se perguntando: Se aconteceu com a Loja Americanas, vai acontecer comigo? A empresa comunicou ao mercado, no início de janeiro, que teve inconsistências contábeis em cerca de R$ 20 bilhões. Dias depois, a Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial, aceito pela Justiça. Além disso, a Americanas divulgou dívidas de mais de R$ 42 bilhões, para bancos, empresas de tecnologia – como Facebook e Twitter -, companhias aéreas e transportadoras.
Aliás, a proposta dos proprietários, Lemann, Telles e Sicupira, de R$ 7 bilhões para aporte não foi aceita pelos bancos. É importante ressaltar, logo de cara, que a empresa não está morta. As Americanas continuam em atividade e, como pontua Chagas, uma parte do grande público não está ciente desta crise. “O efeito é muito mais indireto do que direto”, afirma. O principal impacto é o mercado de crédito, que é o “pai de todos os mercados”. “Se reduz o crédito, reduz a situação de investimento e tormento da atividade em modo geral”. “O impacto Americanas isolado neste momento não tem um impacto de dar um rombo gigante no mercado.
Foi um soco na boca do estômago, mas nada que a vida que não vai seguir. O rombo chamou atenção para o que todo mundo já sabia, mas precisava ser dito. Quando a maré baixa a gente vai ver quem tá nadando pelado e tá todo mundo nadando pelado. Claro, porque estava muito alavancado.
O dinheiro tava muito barato aos anos e atrás ficou absurdamente caro. Proporcionalmente, a gente está falando de 500% ou 600% de aumento no curso de Capital pelo juro.
Então, impacta muito no custo financeiro da dívida”. Chagas explica que os juros altos e o custo do dinheiro fazem com que a empresa precise fazer mudanças. “O que acontece agora é que a gente está com um juros muito alto – proporcional no mundo todo – o que encarece o custo capital, e obrigam as empresas a terem um lucro operacional maior, melhor, mais saudável. Está caro para a empresa. Fica mais registro a emissão de dívidas, está caro”, diz.
Se aconteceu com a Americanas, vai acontecer comigo?
Com o holofote no mercado de crédito, “começam a vasculhar dobrado todas as outras companhias”. Esse prejuízo caí, principalmente, em varejos. “Empresas em que a concorrência é muito alta. É preciso um pente fino em todas as linhas de dívidas dessas empresas para a gente entender como está o mercado de crédito no Brasil”. Os empresários já estão com esta visão.
Segundo Chaga, os varejistas começam a ter um questionamento de ‘se aconteceu com as americanas, porque não vai acontecer comigo?’ .
O mercado de varejo é o primeiro a ser impactado por mudanças econômicas, como troca de governos, juros e crises, em geral. Isso porque, segundo o empresário, o cliente não tem uma sensação de fidelidade com a marca, ou seja, não tem um “carinho” com a empresa. “Você não vai comprar um iPhone ou uma televisão na Americanas porque você quer a Americanas. Você vai bater no Google e vai escolher o entre o menor preço e depois menor tempo de entrega. Tanto faz ser na Americanas, na Magazine ou no Ponto”. Esses fatores, que são o que fazem o varejo vencer na alta competitividade, estão em baixa hoje, por conta do alto preço da mão de obra, juros, dólar, entre outros fatores.
Mas o mundo acabou? Já posso decretar falência?
Não… O sócio da 3 A Investimentos explica que a Americanas não é uma empresa tão importante para a economia brasileira. Claro que teremos impactos, principalmente em bancos, empresas terceirizadas, transportadoras, entre outros. Mas, não é o mesmo efeito caótico que seria caso o banco Itaú decretasse falência ou um rombo.
Ele completa que futuro do mercado é uma “loteria total”, até as projeções não vão conseguir acertar como será a economia este ano. O sucesso – ou fracasso – é como uma roleta russa dos negócios.
Os sinais demonstram dúvidas, principalmente por conta da falta de certeza do fim de juros de produtos do Estados Unidos para o Brasil e transição de governo. Mas, algumas coisas são fixas e podem te ajudar a guiar o seu negócio. “Os principais indicadores, [a taxa] SELIC, devem continuar estável. Temos um ativos brasileiros depreciados. E o fato do real está bem depreciado, trazendo o dólar alto, faz com o que a gente tenha uma atração de moeda estrangeira. Acaba que teremos de fluxo é muito mais um preço dos ativos, pelo micro. O macro local será como Ministério da Fazenda vai lidar com o tamanho do déficit, se ele vai existir”
‘Darwinismo corporativo’
Para Chagas, momentos como esse fazem uma escolha natural do mercado. Em paralelo com a teoria de Darwin, em que os mais fortes sobrevivem na natureza, ele vê a crise como um momento de crescer. “Esse darwinismo corporativo, principalmente quando o custo de capital está muito alto, seleciona empresas muito vencedoras que podem destravar valores altos a longo prazo pôs fim dado a este período maluco”.
A estratégia da 3A Investimentos, por exemplo, é “ficar perto de quem já é nosso cliente e aumentando a vantagem competitiva de quem já tá com a gente por que esses momentos mais conturbados geram oportunidades também”.
O que está rolando com outras empresas?
A ‘Marisa Lojas’ passou por mudanças na presidência, o que é um sinal de instabilidade na empresa. Além disso, na Comissão de Valores Mobiliários, a companhia pontuou que contratou consultorias para renegociação de endividamento e processo de “otimização financeira”. João Pinheiro Nogueira Batista é o novo presidente.
Somente em janeiro, a Centauro fechou 10 lojas em todo o Brasil por decisão do Grupo SBF com a justificativa de otimizar os lucros. A receita líquida da empresa de 2022 recuaram em 58,9% em comparação com 2021.
Os absurdos de 2023 só continuam
pela primeira vez, um shopping entra em recuperação judicial. O Aracaju Parque Shopping, que foi lançado em 2019, entrou com o pedido de recuperação judicial. O espaço conta com cinema, lojas âncoras, estacionamento para 1,4 mil veículos, mas não conseguiu manter a ocupação mínima para sobrevivência de um equipamento imobiliário. Além disso, a alta da inadimplência com aluguéis e condomínios também foram decisivos para o pedido de RJ, que foi aceito na última semana.
Você sabe o que é uma Recuperação Judicial e para que serve?
A recuperação judicial (ou RJ, no jargão do mercado) nada mais é do que um procedimento que tem como objetivo evitar que a empresa quebre quando está em uma crise financeira. Além de socorrer os sócios, esse instrumento visa proteger também funcionários, fornecedores, prestadores de serviços, clientes e todos os que, de alguma forma, possuem algum vínculo com a organização.
É uma espécie de “CTI Financeiro” para empresa onde toda atenção será dada para que ela volte a atuar como antes. Entretanto nem sempre isso acontece. O plano apresentado algumas vezes não avançam como esperado e acabam levando a empresa à falência. No direito empresarial a falência é um processo legal que ocorre quando existe impossibilidade no pagamento das dívidas de uma empresa ou pessoa. No Brasil, a falência é regulamentada pela Lei nº 11.101 de 9 de fevereiro de 2005, conhecida como “Lei de Falências”.
Mas existe um outro lado da mesma moeda
Por outro lado, o CEO da Ricardo Eletro, Pedro Bianchi, revelou estratégia para voltar às lojas físicas neste ano, após reverter o processo de falência na Justiça em 2022.
O novo nome, “Nosso Eletro”, marca a nova fase da empresa, que se salvou com estratégias do marketingplace. Segundo ele, em entrevista ao jornal O Tempo, os produtos vendidos nas lojas serão restritos a móveis e eletroportáteis. “A oferta deve ser ampliada em compasso com o crescimento dos negócios”.
A estratégia será manter o e-commerce e ter um estoque próprio e de parceiros. A Máquina de Vendas (leia Ricardo Eletro) está entre as que podem se beneficiar no vácuo deixado pela Americanas, ainda que tenha desafios com relação ao poder da sua marca depois de quase sumir do mercado.
O caso da Ricardo Eletro aconteceu em uma época diferente da Americanas. Apesar de ser a última varejista de porte expressivo a passar por dificuldades financeiras, o mercado de 2018, quando começou a recuperação extrajudicial da empresa, era muito diferente. Se nessa época as compras online eram incipientes, hoje são parte relevante das vendas das varejistas.
Enquanto muitos choram, outros vendem lenços
É o caso do setor de franquias que apresentou um resultado interessante e fez projeções ainda melhores para o ano de 2023. Ao contrário das dúvidas do varejo, as franquias tendem a seguir firmes. Houve um aumento de 16,1% dos lucros do setor no último semestre de 2023. Além disso, o e-commerce se consagra como aliado de pequenos e médios empreendedores..
O coelhinho da páscoa vai ficar órfão?
Salvar a companhia
Chagas acredita que os empresários querem salvar a Americanas.
”São os três dos caras mais ricos do Brasil dos últimos 100 anos de história. Então, eles têm condição de salvar a companhia, principalmente porque eles têm uma pegada altruísta. Até no livro deles, eles vieram com esse papo. A imagem dele também é importante para eles. O João Paulo está com 80 anos. Ele não pode morrer com um legado assim e tenho muita convicção que não vai aceitar isso. E a concorrência sabe disso também”. “Acho que cada varejo vai tentar enxugar o máximo porque é um período desse tipo de ciclo econômico. Quando a gente entra em um ciclo, como o que a gente está vivendo agora, o varejo precisa ficar com o pé no chão”, completa.
Como agir em um momento tão confuso?
1. Reduza os custos: as empresas devem rever os gastos e fazer cortes onde for necessário, tomando medidas como reduzir o número de empregados, reduzir os salários, adotar soluções de automação e eliminar despesas desnecessárias.
2. Aumente a eficiência: as empresas devem encontrar maneiras de fazer mais com menos, aumentando a produtividade, investindo em tecnologias eficientes e adotando práticas de negócios que ajudem a alcançar melhores resultados.
3. Corte os juros: as empresas devem tentar renegociar taxas de empréstimos, aproveitando as taxas de juros mais baixas para reduzir seus custos de financiamento.
4. Aumente o marketing: as empresas devem aumentar seus esforços de marketing e publicidade para aumentar a conscientização de seus produtos e serviços e assim aumentar as vendas.
5. Aproveite as oportunidades: as empresas devem aproveitar oportunidades para expandir sua base de clientes, como ofertar descontos e promoções para captar novos clientes.
6. Invista em inovação: as empresas devem investir em novas tecnologias e soluções inovadoras para aumentar sua competitividade no mercado.
7. Seja flexível: as empresas devem estar preparadas para se adaptar rapidamente às mudanças do mercado, sejam elas econômicas, tecnológicas ou de outra natureza.
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