Como transformar uma loja em algo muito maior do que um ponto de venda? Essa é uma das principais provocações de Caio Camargo, especialista com mais de 25 anos de estrada no varejo, que conversou com exclusividade com o nosso portal sobre os rumos do setor. Em meio às rápidas mudanças do comportamento do consumidor e à digitalização acelerada, Caio crava: “A loja física não vai morrer. O que morre é a loja irrelevante.” A afirmação foi feita durante sua participação em um evento de tendências de varejo realizado na última semana em São Paulo, reunindo empresários e líderes do setor de shopping centers.
Com uma carreira que inclui passagens por marcas como Natura, Cacau Show, GPA e O Boticário, além de ser autor do livro “Arroz, Feijão & Varejo” e co-host do podcast VarejoCast, Caio Camargo defende uma visão que mistura estratégia, emoção e execução impecável. Para ele, o futuro do varejo depende de três pilares principais: experiência do cliente, integração entre canais e uma logística que funcione como vitrine da marca.
Loja física: de ponto de venda a ponto de encontro
O avanço do digital levantou dúvidas sobre a continuidade das lojas físicas. Mas Caio rebate com firmeza: “Loja que não desperta dopamina no cliente, vira estoque com vitrine”. Em outras palavras, não basta expor produtos. É preciso contar histórias, criar atmosfera, oferecer hospitalidade e despertar sensações que o cliente não encontra em uma simples compra online.
Segundo ele, o ponto de venda precisa ser mais do que uma transação — deve ser um lugar de propósito e conexão. E isso vale tanto para grandes redes quanto para pequenos varejistas: “Fazer o básico com excelência ainda é o que separa quem sobrevive de quem fecha as portas.”
Digital + físico: o futuro é híbrido
Para Caio, o erro mais comum na digitalização do varejo é achar que basta ter um site bonito ou subir os produtos no marketplace. Ele relata casos de lojas que não sabiam quem gerenciava o Instagram, não tinham política de trocas online e usavam a mesma tabela de preços para todos os canais. O resultado? Confusão e perda de vendas.
Ele reforça que a transição digital exige mudança de cultura, não apenas de ferramenta. É necessário olhar para o consumidor, entender seu comportamento em cada canal e integrar essas experiências de forma fluida.
Logística deixou de ser bastidor: agora é parte do show
Outro ponto de destaque da entrevista é o papel da logística como diferencial competitivo. “Entrega é parte da experiência e talvez a mais crítica no online”, afirma. Ele critica varejistas que querem competir com Amazon e Magalu, mas não investem na base logística necessária para garantir uma boa jornada de compra.
A solução, segundo ele, pode estar dentro da própria loja física: usá-la como mini hub logístico, agilizando entregas e reduzindo custos. Isso, claro, exige treinamento da equipe e mentalidade integrada.
Dicas práticas para o pequeno varejo
E para quem acha que tudo isso só vale para os grandes players, Caio dá o recado: os pequenos varejistas também têm espaço — e muito — para se destacar. Basta mudar o foco:
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Olhe menos para os concorrentes e mais para o seu cliente;
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Escolha um nicho e seja referência nele;
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Use ferramentas simples, mas com constância;
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Mantenha o estoque atualizado e atenda com verdade.
Varejo é simples, mas não é fácil
Caio encerra a entrevista com uma frase que resume bem o desafio de quem vive (e respira) o varejo: “Tecnologia sem propósito é ruído. Experiência sem operação é performance vazia. E o básico mal feito derruba qualquer estratégia.”
Para quem atua no setor — seja no chão da loja, no digital ou dentro de um shopping center —, fica o recado: consistência e execução valem mais do que qualquer modinha passageira. O futuro do varejo será de quem souber unir emoção, eficiência e estratégia.
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