O mercado global de dark kitchens deve alcançar US$ 157 bilhões até 2030, segundo relatório da Coherent Market Insights. O formato, que funciona exclusivamente para delivery, já movimenta mais de US$ 70 bilhões e se consolidou como uma das maiores transformações da alimentação fora do lar, oferecendo custos menores, processos otimizados e maior alcance de clientes em comparação aos restaurantes tradicionais.
No Brasil, o movimento acompanha a popularização dos aplicativos de entrega de comida. Um levantamento da Ticket mostra que 40% dos brasileiros já usam serviços de delivery, percentual que sobe para 51% entre jovens de 16 a 29 anos. Pelo menos um em cada dez consumidores pede refeições uma ou duas vezes por semana, especialmente fast-food, carnes e pratos típicos.
Esse comportamento impulsiona também as franquias. A Associação Brasileira de Franchising (ABF) estima que o setor deve crescer 10% em 2025 e aponta que mais da metade das redes já utiliza dark kitchens como estratégia de expansão.
Franquia de delivery
Entre as marcas que surfam nessa tendência está a Suburbanos Pizza, criada em 2018 e com modelo de franquias desde 2020. A rede soma atualmente 43 operações e espera encerrar o ano com cerca de 50 unidades inauguradas, com foco de crescimento no Sudeste. “Juntamos o conceito da pizza napolitana com a de Nova York, usando massa de longa fermentação e um molho exclusivo, para oferecer qualidade, rapidez e preço justo ao cliente”, explica Amauri Jr., head de expansão da Suburbanos Pizza.
A marca iniciou a expansão no Rio de Janeiro, avançou para São Paulo — onde já conta com dez operações — e também chegou a cidades de Minas Gerais, como Belo Horizonte, Juiz de Fora, Contagem e Betim. A presença já se estende a outras regiões, incluindo Brasília, Curitiba, Maringá e Joinville. Para os franqueados, o apelo está nos custos reduzidos e na gestão simplificada.
Segundo Amauri Jr., abrir uma unidade Suburbanos requer investimento a partir de R$ 250 mil em 35 m², enquanto uma pizzaria convencional demanda cerca de R$ 600 mil em 150 m². “O retorno do investimento é mais rápido, e o modelo exige menos funcionários. Nossas lojas operam com quatro pessoas, contra oito ou mais em operações tradicionais. Isso significa menos dor de cabeça e maior eficiência na gestão”, afirma.
A parceria exclusiva com o iFood é outro diferencial. “Essa aliança garante taxas menores, suporte dedicado e potencializa nossas vendas. Estamos pegando carona no crescimento acelerado do iFood, que dobra de tamanho a cada ano”, destaca Amauri.
São Paulo como vitrine de dark kitchens
O avanço das dark kitchens é ainda mais visível em São Paulo. Cerca de um terço dos restaurantes cadastrados no iFood já utilizam cozinhas compartilhadas, reflexo do papel da capital como motor da economia do delivery no país.
O cenário ficou mais competitivo com o retorno da 99Food neste semestre, após aporte de R$ 500 milhões. A empresa reúne 20 mil restaurantes e 50 mil entregadores, disputando espaço com o iFood, que projeta aumentar sua base de 55 milhões para 80 milhões de clientes no Brasil.
Popularização no interior
Entretanto, a popularização dos aplicativos não se restringe aos grandes centros urbanos. O aiqfome, maior aplicativo de delivery do interior e segundo maior do país, reforça essa expansão em cidades médias e pequenas. Fundado em 2007 em Maringá (PR) e adquirido pelo Grupo Magalu em 2020, o app já está presente em mais de 700 cidades de 22 estados, com foco em municípios de até 250 mil habitantes.
A plataforma segue um modelo de microfranquias home based, permitindo que empreendedores locais operem o serviço em suas cidades, prospectando restaurantes e ampliando a área de atuação do app. Para 2025, a empresa planeja expandir para mais de 100 novas cidades, fortalecendo sua presença em regiões estratégicas como Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Amauri Jr. observa que o desempenho das franquias da Suburbanos Pizza varia conforme a localização. “Nas grandes cidades conseguimos operar até as 4h30 da manhã, o que aumenta o faturamento. Já em regiões menores, a operação costuma encerrar por volta das 2h, porque não há demanda suficiente até mais tarde”, explica.
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