Por trás dos balcões de check-in e das esteiras de bagagem, uma nova lógica de negócio vem ganhando força nos aeroportos brasileiros: o comércio. A Infraero, estatal que administra 25 terminais no país, tem reformulado sua estratégia para transformar os aeroportos em centros comerciais, capazes de atrair passageiros e o público local. A presença da empresa na ABF Franchising Expo 2025, maior feira de franquias do mundo, reforça essa ambição.
“Qualquer aeroporto no mundo, hoje, sobrevive do real estate. O aeroporto não vive da tarifa aeroportuária, vive do comércio concentrado ali dentro”, afirma Tiago Faierstein, diretor comercial da Infraero. Ele detalhou como a companhia tem remodelado contratos e buscado atrair grandes marcas para seus terminais, com destaque para o Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
A aposta da Infraero é clara: transformar o aeroporto em uma extensão do cotidiano da cidade. “O Santos Dumont é o shopping do centro do Rio”, diz Faierstein. Segundo ele, o fluxo diário de pessoas com CPF diferente, um ativo raro até mesmo para os shoppings, torna o espaço comercialmente estratégico. A clientela não se restringe aos viajantes: trabalhadores da região central frequentam o terminal para almoçar, fazer compras ou socializar.
Para viabilizar essa estratégia, a Infraero tem flexibilizado os contratos de concessão. Se antes a média era de cinco anos, hoje já há contratos de dez, e concessões de até 30 anos para operações que exigem investimentos mais robustos. “Essa modelagem não é linear, mas é prevista. Se fosse ruim, ninguém entrava nos nossos processos licitatórios”, argumenta o diretor.
Varejo nos aeroportos
A lógica comercial dos aeroportos, porém, não segue o padrão dos shopping centers tradicionais. “Lá o aluguel é linear. No aeroporto, não. O percentual é fixo por atividade e o metro quadrado varia conforme o local e o tipo de operação”, explica Faierstein. A ideia, segundo ele, é tornar cada unidade comercial financeiramente viável, respeitando as especificidades do fluxo e do público de cada área do terminal.
A estratégia já vem surtindo efeito. Grandes marcas operam no Santos Dumont com clientela majoritariamente formada por pessoas que trabalham na região, e não por viajantes. Além disso, a Infraero investe em campanhas publicitárias, parcerias e participação em eventos do setor para atrair novos lojistas. “A gente busca sempre promover os aeroportos como plataformas de negócios, respeitando os limites de uma empresa pública”, afirma o diretor.
A Infraero administra terminais em diferentes regiões do país, o que exige um olhar customizado para cada praça. “Cada aeroporto tem um gestor local responsável por prospectar na região, com apoio de um time em Brasília que apresenta o portfólio completo a grandes varejistas”, explica Faierstein. Em alguns casos, aeroportos menores em cidades turísticas, como Canela (RS), podem se tornar tão atrativos quanto os terminais de grandes capitais.
A presença da Infraero na ABF Franchising Expo reforça o papel dos aeroportos como hubs de varejo. E, ao que tudo indica, o embarque nesse novo modelo de negócios já começou.
Saiba mais!
A Negócio e Franquia marcou presença na ABF Expo 2025 e ouviu de perto diversos expositores para entender os rumos do franchising no Brasil. Acompanhe o portal e fique por dentro do que vem por aí!