Nos últimos anos, a saúde mental tem ganhado destaque como um fator determinante para a produtividade e o clima organizacional dentro das empresas. Cada vez mais, as organizações reconhecem que o bem-estar emocional dos colaboradores não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também um fator estratégico para o crescimento e a competitividade no mercado.
De acordo com a psicóloga Sirlene Ferreira, a saúde mental é essencial para garantir um ambiente de trabalho produtivo e harmonioso. “A saúde mental é prioridade para se ter um ambiente de trabalho produtivo, um trabalho de qualidade, um ambiente saudável. Num ambiente onde os indivíduos estão mentalmente adoecidos, o ambiente também adoece”, afirma Sirlene.
Problemas emocionais e psicológicos podem afetar diretamente o desempenho dos colaboradores e o clima organizacional. Sirlene explica que qualquer tipo de adoecimento, seja físico ou mental, pode gerar dificuldades em diversas frentes. “O indivíduo terá dificuldades para conviver e trabalhar em equipe, além de enfrentar obstáculos na execução das suas atividades. Isso pode até mesmo representar um risco dentro da empresa”, alerta. Consequentemente, a queda na produtividade e o aumento de conflitos internos tornam-se inevitáveis.
Estar atento aos sinais de sofrimento emocional é essencial para uma intervenção rápida e eficaz. Entre os indícios mais comuns estão o aumento do absenteísmo, excesso de atestados médicos, atrasos, dificuldades em cumprir metas e baixa qualidade nas entregas. Para Sirlene, esses comportamentos devem ser interpretados como um pedido de ajuda. “Esses sinais são um alerta de que algo está errado e precisa ser tratado com seriedade”, reforça a psicóloga.
Sirlene destaca que os colaboradores passam a maior parte do tempo em seus locais de trabalho, o que torna as empresas responsáveis, em parte, pela qualidade de vida de seus funcionários. “O funcionário vende para a empresa seu capital intelectual humano. Está na hora das empresas cuidarem de seus colaboradores, proporcionando maior qualidade de vida para eles”, afirma.
Para promover a saúde mental de forma genuína, as empresas devem ir além de ações superficiais, como palestras ocasionais. “Financiar atendimento psicológico, promover palestras com profissionais de saúde mental e implementar ações temáticas são formas efetivas de promover bem-estar”, sugere Sirlene. Ela alerta, porém, sobre o risco de manipulação: “Uma palestra por ano não é promover saúde mental, é manipular dados.”
A liderança humanizada é um fator decisivo para a criação de um ambiente acolhedor. Sirlene ressalta que os gestores também precisam de suporte emocional. “Os gestores que gerem de forma humanista já colaboram com a saúde mental. Mas é importante que eles também recebam cuidados, pois muitas vezes a liderança pode ser nociva”, observa.
A cultura da empresa influencia diretamente o bem-estar dos colaboradores. Ambientes de trabalho marcados por desrespeito e pressão excessiva comprometem a saúde emocional dos funcionários. “Infelizmente, existem lugares onde as tratativas são desrespeitosas e o indivíduo se sujeita por necessidade. Essa postura cruel precisa ser destituída das empresas”, enfatiza Sirlene.
O modelo de trabalho remoto trouxe novos desafios para a saúde mental dos profissionais. Sirlene destaca que a adaptação ao home office é muito individual. “Muitos profissionais se adaptaram muito bem ao home office, outros nem tanto. É preciso entender e respeitar essas diferenças”, aponta.
O cenário empresarial está em transformação, e as empresas que não se adaptarem às novas demandas de bem-estar correm o risco de perder talentos. “A sociedade mudou e essas mudanças exigem adaptação. A empresa que cuidar dos seus talentos irá retê-los por consequência”, analisa Sirlene.
Para as empresas que desejam fortalecer o bem-estar dos colaboradores, a mensagem de Sirlene é clara: investir em saúde mental é investir na própria empresa. “Quando você investe no funcionário, você está investindo na empresa. Os resultados reverberam na instituição”, conclui.
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