Ficar de pernas pro ar é o que algumas pessoas poderiam até pensar depois de fazer um bom negócio. Tirar longas férias, viajar pelo mundo e nunca mais ter que trabalhar, certamente isso pode até parecer tentador, para você, mas para algumas pessoas isso nunca passou pela cabeça.
Foi o que aconteceu com os sócios Eduardo Glitz, Marcelo Maisonnave e Pedro Englert. Antes eram sócios da XP Investimentos, empresa que foi vendida ao Banco Itaú. Os sócios, inquietos começaram a pensar num novo negócio para mirar seus esforços.
Como tudo começou
Nada foi ao acaso, tudo tem um significado. Com investimentos de R$ 4 milhões, começaram em janeiro de 2017 a venda do tênis Yuool, primeiro calçado feito com a lã nobre de Merino. O nome vem da combinação de palavras. Y de Young, U de urban e wool que significa lã.
Assim começa a jornada dos sócios que estavam acostumados a inovar no mundo financeiro e decidiram colocar a sua energia empreendedora em um segmento tradicional: o calçadista.
A Lã merino é muito comum em Portugal para produção de roupas e artesanato. Também é encontrada na Nova Zelândia, mas não era muito comum por aqui. Foi da oportunidade de crescer num ambiente com poucos concorrentes que nasceu a YUOOL.
A YUOOL tem a intenção de se destacar no universo calçadista e tem buscado se fortalecer com o mercado digital. Ao todo, os 3 sócios tem oito empresas. Sete delas, fintechs, atuando nos segmentos de crédito, investimentos, câmbio, meios de pagamento, seguros e agora uma fabricante de sapatos.
Você deve estar se perguntando é o que 3 caras do mundo financeiro digital estão fazendo com uma indústria de sapatos e não estão de pernas pro ar?
Um amigo do Pedro Englert ligou dos Estados Unidos para contar que tinha no mercado um tênis feito de lã merino que podia ser usado tanto no inverno quanto no verão e que todo mundo tava gostando.
A curiosidade fez o Pedro começar uma pesquisa.
Convidou uma amigo que atuava no setor de calçados e descobriram que existiam grandes fornecedores desse material na Itália e resolveram ir atrás. Convenceram um dos fornecedores italianos a participar do projeto e investiram 1 milhão de reais na Startup de calçados.
E custa caro?
O preço do tênis é de aproximadamente 350 reais, e como não terá loja física conseguem manter preços mais adequados. Esse mesmo calçado sairia por aproximadamente R$ 700,00 se fosse comercializado pelos meios tradicionais, de acordo com os gestores da marca.
Estratégias e Desafios
Como resultado para manter preços equilibrados, a principal decisão foi manter as vendas apenas pela internet. A fabricação é feita no Rio Grande do Sul em Estância Velha, onde também fica o escritório da Yuool, mas as novidades não param por ai.
A estratégia da indústria é não ter estoque. Usa os galpões dos correios para fazer a armazenagem e tem apenas uma linha de calçados, para evitar que fiquem ultrapassados e gerem estoque parado.
A escolha de ter apenas um modelo facilita e agiliza a produção. Dessa forma você sempre terá a chance de ter um tênis do novo modelo de forma muito mais ágil. No projeto Pedro Englert afirma que a entrega do pedido chega a casa do cliente em 24 horas.
Eles não estão inventando a roda, utilizam o que já é conhecido do mercado de e-commerce. O principal desafio da indústria agora é fazer com que os brasileiros usem sapatos de lã no tempo quente. Para que isso entre na cultura de consumo do brasileiro, a marca conta com campanhas digitais bem estruturadas em acredita-se que em pouco tempo esse tabu terá sido vencido.
Eles garantem a devolução do dinheiro se você não gostar. Eu, Rodrigo Campelo, chamo isso de apostar muito no produto e acreditar nele. Vale a pena conhecer novos modelos de negócios. Vivemos um novo tempo sem estoque, focado na experiência e na abertura de novos conceitos.