A bomba silenciosa da inadimplência. Tem coisa que explode devagar. E no Brasil, a inadimplência virou essa bomba de efeito retardado que detona o caixa da padaria, torra o estoque da loja e carboniza os sonhos de milhões de empreendedores — tudo sem fazer um pio. É a tragédia perfeita: silenciosa, burocrática e legal.
Enquanto isso, o governo veste terno de linho, enche a taça e brinda com a Receita Federal ao som de “recorde de arrecadação”. O pequeno empresário? Esse está no porão, apagando incêndio com balde furado e tentando não chorar enquanto preenche a vigésima guia de imposto do mês.
Em 2025, o brasileiro trabalhou até o dia 29 de maio só para pagar impostos. Isso mesmo: 149 dias de escravidão fiscal. É como passar metade do ano cozinhando um banquete que só será servido para os de cima — e ainda ter que agradecer pela oportunidade de cozinhar.
E qual é o resultado de tanta arrecadação? Educação de qualidade? Saúde funcionando? Segurança pública? Apoio ao micro e pequeno? Claro que não. O resultado está nas mais de 7,3 milhões de empresas inadimplentes. Isso mesmo, mais de um terço do país produtivo está pendurado no Serasa. Quem tem dívida no Brasil hoje não é mal pagador — é sobrevivente.
O governo fez o que com isso? Um plano de salvação? Um pacote de incentivo? Não. Lançou um programa chamado “Desenrola Pequenos Negócios” que ajudou 122 mil empresas. Parece muito? Pois é só 1,6% das inadimplentes. Ou seja: jogaram um balde d’água numa fogueira de 3 andares e ainda pediram aplausos.
A lógica do crédito então virou piada pronta: quem precisa, não consegue. Quem consegue, não quer. E o banco? Esse está sentado no ar-condicionado, dizendo que “a análise de risco não aprovou”, enquanto empresta bilhões pros amigos graúdos da Faria Lima que, se quebrarem, ainda ganham ajuda pública.
No meio disso tudo, o pequeno empreendedor virou um equilibrista com os dois pés quebrados. Ele paga imposto, gera emprego, sustenta o bairro — e ainda precisa se virar nos 30 pra manter a dignidade quando o boleto vence. É Pix, carnê, vaquinha e fé.
E adivinha quem mais sofre? Os estados mais pobres, claro. Onde empreender não é escolha — é única saída. No Distrito Federal, 40,9% das empresas estão inadimplentes. Em Alagoas, 40,3%. Pará, Acre, Amapá, Maranhão: todos com índices acima dos 35%. É o Brasil dizendo ao nordestino e ao nortista: “você até pode tentar empreender, mas só se for por pouco tempo”.
Agora olha o outro lado: Santa Catarina, Espírito Santo, Piauí. Os com menor inadimplência. Por quê? Porque têm cultura de negócios locais fortes, associações, redes colaborativas. Ou seja, onde o povo se ajuda porque sabe que o governo não vai ajudar.
A arrecadação federal em 2024 bateu recorde: mais de R$ 2,6 trilhões. E em abril de 2025, a estimativa já beira R$ 9,2 trilhões — 76% do PIB brasileiro. Uma máquina insaciável de arrecadar. O que se faz com isso? Mistério digno de filme da Netflix. Só sabemos que tem sempre verba para fundo eleitoral, emenda de gabinete e obra superfaturada. Pro microempreendedor que atrasou uma DASN? Multa, bloqueio, notificação e ameaça de CNPJ suspenso.
Enquanto isso, a propaganda segue dizendo que o Brasil é o país do empreendedorismo. Só se for do empreendedor de circo, que precisa equilibrar 5 pratos com o pé enquanto responde à fiscalização da Receita com a mão.
O problema é nacional, mas a solução pode ser local. Sim, o país precisa olhar para a força da regionalizaçãoregionalização. A salvação do Brasil não está no Excel do ministro da Fazenda, mas na quitanda do bairro, no delivery da cidade pequena, na franquia que tenta pagar o ponto no shopping. É nesses lugares que o emprego nasce, o dinheiro gira e o país vive.
O grande erro é achar que o Brasil se sustenta com multinacional e big tech. Isso é ilusão de outdoor. Quem gera mais de 70% dos empregos no Brasil são os pequenos e médios negócios. Mas esses não têm lobby. Não jantam com deputado. E por isso, são esquecidos na hora do orçamento.
E aqui vai um alerta: nenhuma democracia resiste esmagando quem produz. Nenhum país sério sobrevive sufocando quem emprega. E nenhum povo se levanta se for obrigado a trabalhar metade do ano só para manter a máquina pública engordando.
Se nada for feito, não teremos apenas uma onda de falências. Teremos o naufrágio completo da economia produtiva. E aí, nem meme vai salvar.
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