Home Empreendedorismo Bets, tigrinho e o rombo invisível: a conta que todos pagam

Bets, tigrinho e o rombo invisível: a conta que todos pagam

Apostas online drenam bilhões da economia real, aumentam inadimplência e empurram brasileiros ao endividamento

por Redação
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Estão em toda parte — na TV, nas redes sociais, nas camisas de futebol. As plataformas de apostas online, popularizadas como “bets” e os jogos de azar como o “tigrinho”, deixaram de ser apenas um passatempo para se tornar uma ameaça concreta à economia brasileira. Com movimentação que beira os R$ 30 bilhões mensais, esse mercado não apenas devora a renda de quem aposta, mas sabota o consumo, afeta o emprego e agrava o endividamento de milhões de famílias.

E o buraco é mais fundo do que parece

Dados do Banco Central revelam que, só em agosto de 2023, beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões para sites de apostas. Foram 5 milhões de famílias de baixa renda envolvidas — das quais 4 milhões têm o chefe de família como apostador direto. Juntas, essas pessoas destinaram R$ 2 bilhões (67% do total) para as bets apenas naquele mês. O dinheiro, que deveria garantir comida, moradia e dignidade, foi engolido por promessas vazias de enriquecimento instantâneo.

O apelo das apostas é ainda mais forte entre os mais jovens. A maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos. Os valores aumentam conforme a idade: enquanto jovens apostam cerca de R$ 100 por mês, pessoas mais velhas chegam a transferir mais de R$ 3.000 para plataformas de azar. A armadilha está montada — e quem tem menos, perde mais.

O consumo derrete, o comércio sangra

O setor varejista já sente os efeitos dessa drenagem. Segundo o presidente do Assaí, Belmiro Gomes, há algo novo no ar — e não é só inflação. “Não tem como ter R$ 30 bilhões mensais e não ter impacto em consumo”, afirmou. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o varejo pode ter deixado de faturar até R$ 100 bilhões em 2024 por conta do dinheiro desviado para as apostas.

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Os dados do Banco Central confirmam: entre janeiro e março de 2024, as bets movimentaram até R$ 90 bilhões. Esse dinheiro, antes distribuído em alimentação, serviços, transporte, saúde e educação, agora gira entre plataformas digitais que pouco ou nada devolvem à economia real.

Inadimplência dispara e o crédito encarece para todos

A tentação do dinheiro fácil vira tragédia financeira. Segundo a Serasa, 46% dos inadimplentes já apostaram online. Quase metade deles o fez tentando quitar dívidas — e 32% acabaram perdendo mais do que ganharam. Outros 13% deixaram de pagar contas básicas para manter o vício.

A consequência é previsível: bancos se tornam mais rígidos, o crédito encarece e o risco aumenta — inclusive para quem está em dia com suas finanças. Nubank e Bradesco adotaram medidas tímidas, como alertas no app. O C6 Bank foi mais direto: bloqueou uso de cartão de crédito e cheque especial para apostas. Mas é pouco frente ao tamanho do problema.

Um ciclo que corrói o país de baixo para cima

Apostas não são apenas uma escolha pessoal. Elas afetam o coletivo. Quando milhões comprometem sua renda com dívidas difíceis de quitar, sobra menos para o básico. O consumo cai, o comércio desacelera, a indústria reduz produção. Empresas cortam gastos e demitem. Sem emprego, aumenta a inadimplência — e o ciclo recomeça.

Em setores como educação, saúde e alimentação, o impacto é cruel. Há relatos de estudantes que deixaram de pagar matrícula para apostar. Famílias trocam marcas, adiam tratamentos, ignoram contas. O dinheiro some — e junto vai a estabilidade.

O rastro social: pobreza, estresse e crime

Além dos prejuízos econômicos, há um rastro social crescente. Endividamento em massa gera estresse, adoecimento mental, evasão escolar. Em regiões vulneráveis, o desespero empurra jovens para o crime e famílias para economias paralelas. O próprio Banco Central reconhece: “É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira.”

O Brasil precisa decidir: vai continuar permitindo que bilhões escapem por canais de azar que prometem riqueza, mas entregam miséria? Ou vai agir para proteger os mais vulneráveis, a economia real e o futuro do país?

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