segunda-feira, 25 setembro, 2023
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Osasco Plaza Shopping sem previsão de reabertura

Passados 2 meses desde desmoronamento de teto, local segue interditado por tempo indeterminado. O empreendimento contava com aproximadamente 1.500 funcionários, segundo cálculo de sindicato

por Redação
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Osasco Plaza Shopping sem previsão de reabertura

8 de março de 2023. Neste dia, os moradores de Osasco, município com 777.048 habitantes, na região metropolitana de São Paulo, reviveram um pesadelo que, em 1996, custou a vida de 46 pessoas: a explosão e o desabamento do Osasco Plaza Shopping, no coração da cidade. Dessa vez, a queda do teto de um dos setores teve proporções menores, não houve vítima fatal, mas os prejuízos para a imagem e futuro do estabelecimento são incalculáveis.

Passados dois meses do acidente, não há previsão para reabertura. O imóvel segue interditado. A prefeitura de Osasco, responsável por cassar o alvará de funcionamento do empreendimento, garante que só vai permitir que o Plaza reabra as portas mediante comprovação de segurança. “A Prefeitura de Osasco não liberará o alvará de funcionamento sem a comprovação de que o local está seguro para lojistas, frequentadores e funcionários. Após a apresentação dos laudos, a Defesa Civil, a Perícia Técnica da Polícia Civil e o CREA devem fazer vistoria no local. No entanto, até o momento, não foram apresentados os documentos solicitados e necessários para uma nova vistoria e então liberação do alvará de funcionamento”, afirmou em nota.

A administração do shopping, por sua vez, garante manter contato com os lojistas, mas adianta: não há previsão para reabertura. “Ainda não há uma data definida para reabertura. A administração permanece em contato com os lojistas e está empenhada em retomar as atividades o mais rapidamente possível, sempre priorizando a segurança de todos”, afirma.

Causa do desabamento

Osasco Plaza Shopping sem previsão de reabertura

Foto do dia do desabamento. Carros foram engolidos pela cratera no teto do shopping.

 De acordo com o laudo feito pelo Instituto de Criminalística, o desabamento do teto do Osasco Plaza Shopping teve como causa o rompimento de parafusos, por sobrecarga e oxidação da estrutura.

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Em nota, a assessoria do shopping afirma que ainda investiga a causa da queda e que um laudo independente contratado pela empresa “indica a higidez do restante da construção”.

“O Osasco Plaza Shopping segue empenhado na averiguação das causas da queda da laje do estacionamento, ocorrida em março, e esclarece que a área onde ocorreu o incidente foi erguida em 2008, baseada em um método construtivo diferente do restante do prédio. Laudo independente foi contratado para avaliar as condições de segurança de todo o shopping e a avaliação até o momento indica a higidez do restante da construção”, diz a nota.

Ainda de acordo com a nota, reformas estão sendo realizadas no local para reforçar a estrutura que cedeu há dois meses. Por conta disso, não há previsão para reabertura do shopping.

Perda de confiança do cliente

Rampa de acesso ao estacionamento que desabou

Inaugurado em abril de 1995, o Osasco Plaza possui dois pisos de lojas e dois pisos de estacionamento com 1.200 vagas. conta com uma Área Bruta Locável (ABL) de 5,4 mil metros quadrados e 97,2% de ocupação, de acordo com o último relatório gerencial.

Entre as 250 lojas, há presença de marcas âncoras e satélites conhecidas nacionalmente como Casas Bahia, KFC, Burger King, Bob´s, O Boticário, Havaianas, Drogaria São Paulo, Melissa Club, Piticas, Marisa e Riachuelo.

Mesmo tendo diversas marcas nacionais era um grande berço de marcas regionais, que buscavam dentro do shopping todas as vantagens competitivas que um empreendimento comercial pode oferecer.  

Com 130 funcionários diretos para fazer a gestão do próprio shopping, estima-se que as lojas presentes no estabelecimento sejam responsáveis pela contratação de mais de 1.500 funcionários diretos e quase 3.000 indiretos. O local que  sempre foi considerado um grande polo do comércio, mas agora está totalmente abandonado no seu entorno. Isso por que o empreendimento sempre serviu como polo agregador e está localizado num ponto estratégico da cidade. 

Especialista em propriedade intelectual, a advogada Renata Pin, sócia do escritório ARP, aponta que o novo desabamento abala a confiança dos clientes e coloca em xeque o futuro do Osasco Plaza. “No caso do shopping, estamos falando de falta de confiança que envolve vidas. O cliente pode pensar em não ir mais ao shopping por pensar no risco de desabar. É muito difícil reconquistar. A forma que as marcas se utilizam é demonstrar com ações efetivas com atitudes de fato que elas mudaram aquela realidade”, afirmou.

E os lojistas que tiveram seus negócios prejudicados com a interdição do shopping? Para Renata, eles podem e devem cobrar indenização. “As pessoas muitas vezes preferem comprar em shoppings em vez de lojas de ruas pela questão de segurança, o estacionamento que é mais prático. A hora que o shopping que deveria oferecer tudo isso tem um problema gravíssimo estrutural, o lojista passa a ter direitos e nas franquias, esses franqueados passam a ter problema de mudar o endereço – porque no shopping não se confia mais – e obter autorização das franqueadoras. É um ciclo de problemas que vai desencadear no shopping na medida em que o franqueador não autoriza o franqueado a mudar de ponto, esse franqueado aciona o shopping e diz que vai indenizar porque ele perdeu o negócio”, avaliou.

Contudo, a indenização não é algo rápido, como conta o especialista Luiz Villar da corretora Touareg Seguros. “No mercado hoje, a maioria dos shoppings possui seguro. A seguradora avalia se esse tipo de risco está incluído. Se for um risco aceito, a seguradora faz o pagamento, mas acredito que isso vai demorar, pelo menos, uns 90 dias”, comenta.

A boa notícia é que “Não houve demissão em massa”

 A falta de previsão de reabertura do shopping frustrou os planos do Sindicato dos Comerciários de Osasco e Região (SECOR), representante dos funcionários, que esperava ver o shopping de portas abertas para o Dia das Mães. Segundo Luciano Leite, vice-presidente da entidade, a previsão inicial era de reabertura em 28 de abril. “Aguardamos que isso ocorra antes do segundo domingo de maio”, disse ele.

O que se pode ver é que não existe uma movimentação para que a abertura aconteça num tempo tão curto. O Osasco Plaza tinha de acordo com o SECOR, mais de 1.500 funcionários trabalham em, aproximadamente, 200 lojas e mais de 3.000 funcionários indiretos, entretanto mesmo com a queda do teto, não houve demissão em massa. “Oficialmente não houve acordos (de demissão), mas a maioria dos trabalhadores em lojas de redes foi transferida provisoriamente para outras lojas do mesmo grupo, o que é permitido legalmente nos contratos de trabalho”, adiantou Luciano.

De acordo com informações o shopping isolou a área em que ocorreu a queda, o empreendimento está limpo e “pronto para abrir”, mas não é o que pensa a Prefeitura da cidade. Para ela isso somente poderá acontecer quando não houver o menor risco para ninguém.

Impacto aos comerciantes do calçadão

Para o vice-presidente do SECOR, a importância do Osasco Plaza Shopping não é restrita apenas aos lojistas e funcionários que trabalham no local.

Segundo ele, a entidade identificou que a interdição trouxe problemas para os comerciantes do calçadão da rua Antonio Agu, via em que se localiza o shopping.

O calçadão além de ser o principal ponto de comércio popular da cidade, é o segundo maior do estado de São Paulo, atrás apenas da rua 25 de  Março, na capital paulista. “Todos os trabalhadores e lojista do calçadão foram afetados pela diminuição das vendas. É comum ver lojistas falando que o calçadão virou apenas local de passagem e as pessoas não vendem mais”, finalizou.

Uma gestão de crise com poucas respostas e muitas dúvidas

O que a reportagem do Portal Negócio e Franquia pode perceber é que o Shopping está fazendo uma gestão de crises com poucas respostas e deixando muitas dúvidas para trás. A equipe entrou em contato com o superintendente do Osasco Plaza Shopping David da Rocha Júnior, no entanto, ele declarou que não poderia conversar com a nossa equipe e que todos os questionamentos deveriam ser encaminhados à assessoria de imprensa do empreendimento.

Fizemos como foi solicitado. Diversas perguntas enviadas para a assessoria não foram respondidas. Entre as perguntas queríamos saber, por exemplo, sobre a situação de lojistas e sobre os planos de reabertura. Muitas perguntas não foram respondidas e que podem ajudar nas decisões de pequenas, médias e grandes empresas.

  • Quais lojas não vão abrir mais e que depois do acidente decidiram fechar suas operações?
  • Como foram tratados as operações com estoque com baixa validade?
  • E as lojas que tinham estoques em seus pontos de venda, puderam retirar e levar para outras unidades?
  • Como estão sendo tratadas as indenizações dos lojistas que operavam no empreendimento?
  • Os lojistas já entregaram os documentos para a seguradora?
  • Haverá indenização de lucros cessantes?
  • E indenização de danos materiais?
  • Foi negociada a Indenização por perda de chances? Que diferente do lucro cessante, o valor da indenização por perda de chance não deve corresponder àquilo que não foi alcançado. Mas, sim, de uma quantia definida pelo juiz de modo a indenizar a privação do ganho esperado.
  • E as pessoas que tiveram os carros engolidos pelo desabamento como foram tratadas e indenizadas?
  • Como estão sendo as tratativas com os lojistas? Eles estão isentos de pagamento de aluguel, condomínio, encargos específicos e Fundo de propaganda?

As respostas obtidas com a assessoria de imprensa após o fechamento e publicação da matéria foram que o Osasco Plaza Shopping informa que tem concentrado seus esforços nas obras de reparo para possibilitar a reabertura parcial do empreendimento tão logo quanto possível, sempre tendo a segurança das pessoas como prioridade”. Em nota afirmam que a administração tem apoiado os lojistas no contato com a seguradora para agilizar o procedimento relativo a indenizações.

As cobranças de aluguel e condomínio foram suspensas durante este período e os estoques das lojas foram liberados para realocação conforme a necessidade de cada lojista. “O shopping reitera que vem colaborando com os órgãos competentes com todas as informações solicitadas e ressalta que todos os documentos para funcionamento do local estavam em dia e foram entregues conforme requisitado. A administração contratou empresa independente para avaliar a higidez de todo o prédio e viabilizar a reabertura do local com segurança para todos da forma mais breve possível. Ainda não há uma data definida para a retomada das atividades”.

Pode-se perceber que com o objetivo de resguardar o empreendimento, muitos dos questionamentos ainda não foram respondidos de forma objetiva. Mas dúvidas como essas foram citados por diversas fontes próximas a lojistas e do próprio empreendimento.

O local

Exclusivo: após um mês fechado, Osasco Plaza inicia trabalhos para a reabertura

Foto do Giro S/A – 30 dias após a interdição do shopping

O shopping pertencia à BrMalls, mas foi comprado pelo fundo imobiliário da BTG Pactual Shoppings (BPML11) em 2019. Atualmente, o fundo detém uma fatia de 39,6% no imóvel. O principal acionista do Osasco Plaza Shopping é o Grupo Prix, que tem negócios nos segmentos imobiliário, de consultoria e no mercado financeiro.

O fundo BPML11 sofreu graves consequências em seus indicadores, ele que é um dos mais importantes do mercado imobiliário brasileiro, sofreu uma queda de 5,39%% em seu valor de mercado após o ocorrido. Para tentar minimizar os impactos do acidente, a administração do shopping tomou medidas imediatas para reparar os danos causados pelo desabamento e garantir a segurança dos locatários e funcionários do empreendimento. Além disso, foram realizadas ações de comunicação com os investidores para esclarecer a situação e tranquilizá-los quanto às medidas tomadas.

Mesmo com essas medidas para João de Avelar da XP Investimentos sinaliza que “O BPML não possui recomendação no momento pelas casas de análises, ele teve um Dividen Yeld de 2,66% e em alguns meses não apresentou o pagamento de dividendos, dessa forma, pode ser um risco maior a alocação sem uma recomendação clara por parte dos acionistas”, afirmou o consultor.

A queda no valor das cotas do BPML11 tem afetado diretamente a rentabilidade dos investidores e gerou uma grande desconfiança em relação ao futuro. A equipe do BTG até o fechamento desta matéria não havia se manifestado.

O que se percebe é que mesmo diante de todo esse cenário, a administração do shopping tem tentado adotar estratégias para garantir a confiança dos investidores e com isso reverter a queda nos indicadores financeiros. No entanto, isso ainda não foi suficiente para fazer que o valor de mercado das cotas voltem aos patamares antes do ocorrido de maneira estável.

Os lojistas

O shopping era conhecido como o berço de operações regionais. Era um local que trazia para lojistas locais a oportunidade de ver o potencial do negócio crescer e pensar em outras regiões e cidades. Em conversas com fontes, algumas operações não devem voltar após a reabertura. Em conversa com o CEO da Triton, a operação encerrou as atividades no empreendimento uma semana antes do acontecimento. “tivemos sorte, se é que isso pode ser chamado de sorte”, pontuou.

Operações como as Lojas Marisa que estão vivendo um momento desafiador preferiram não se posicionar por questões estratégicas, O Boticário, Riachuelo, Havaianas, Casas Bahia não responderam a tempo para o fechamento da matéria, mas alguns operadores locais confirmaram a insegurança e o receio desta demora.

Todos com quem conversaram pediram para não serem identificados, com medo de represália do shopping, uma vez que todo o “ganha pão” vem deste negócio. De acordo com eles, não tiveram tempo de recuperar do momento que viveram durante o período da Pandemia e que não tem caixa para suportar um tempo longo.

O que se espera agora é que as decisões tanto privadas quanto públicas sejam cautelosas e assertivas. O shopping é importante para a região, mas a segurança de frequentadores e lojistas e funcionários também. O local onde o Osasco Plaza está construído é importante para a cidade e para a região. Até a  data de fechamento desta reportagem, o Osasco Plaza Shopping mantinha suas portas fechadas e com cordão de isolamento.

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